“Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã porque ela acontece sempre no presente.” (Rubem Alves)
Perceber a fragilidade da vida é essencial para quem quer dar a ela algum significado maior. Economizamos tantos sorrisos, tantos abraços, tantos afetos na pretensão de escancarar nossa postura firme ou nosso sentimento mais carrancudo diante dos percalços do dia a dia, essencialmente quando envolve terceiros. Muitas vezes não nos damos conta da liquidez dos nossos dias enquanto seres que respiram.
Nossa infância já passou, ela não volta mais; nossa adolescência já passou e ela também não volta mais. Mas talvez ainda estejamos aprisionados ao nosso passado, tanto no saudosismo em relação aos dias que foram bons como na dor em relação aos que não foram tão agradáveis assim, mas que já se foram, tentando colher o que já não é mais possível.
“A pergunta não é qual é o sentido da vida, mas quantos sentidos você pode dar para a sua vida.” (Nietzch)
Vemos pessoas que não suportam ouvir citações amorosas passadas de seus pares, não entendendo que foram justamente elas as pontes que as trouxeram até aqui. Então até podemos entender e julgar importante visitar o passado, porém não devemos morar lá. Ele já não existe mais e o que sobra é o pouco que nos resta de possibilidade no agora, porque o amanhã é patrocinado pelo Eterno. Tudo é incerto. Assim fico com uma citação que julgo muito oportuna:
“Quando o tempo é curto, toda demora é fatal.” (Ricardo Gondim)
Nós não temos tempo de ficar aprisionados ao passado e nem o direito de fazê-lo. Ao contrário disso, sugiro que façamos as pazes com ele para que o tenhamos como uma mola que nos impulsiona para frente e nunca uma força que nos arranca de onde estamos e nos projeta para trás.
“Não vamos travar uma relação de ódio com o passado, pois odiar não é se livrar, mas manter-se preso de uma maneira danosa.” (Villy Fomin)
Diante de tudo isso, fica a pergunta: Quem é Deus? E quem somos nós?
Moisés teve um vislumbre ao considerar tudo isso e nos ajuda a responder:
“Deus, tu tens sido nossa casa desde sempre. Muito antes de as montanhas terem nascido, muito antes de trazeres a própria terra à existência, desde antes de qualquer coisa existir até a chegada do teu Reino, tu és Deus. Então, não nos faças voltar ao barro, dizendo: “Voltem para o lugar de onde vieram!” Paciência! Tens em tuas mãos todo o tempo do mundo — mil anos ou um dia não fazem diferença para ti. Nós não passamos de um sonho, uma névoa, não mais que uma folha de grama que floresce gloriosamente como o nascer do sol e é cortada sem hesitação.” (Salmos 90.1-6 – versão A mensagem)
Saber que a vida é um sopro não deve nos mover a um viver com pressa, mas com cuidado, observando e desfrutando de tudo o que está a nossa disposição. Aproveitemos um bom café e um bom vinho entre amigos e que demos muitas risadas de nossas gafes mais constrangedoras. Vamos chorar, gritar, edificar e desconstruir, cientes de que o tempo é um dom que deve ser apreciado agora e nunca depois. O que estamos fazendo agora é importante demais para fazermos correndo ou ficarmos preso ao que já aconteceu.
“Prestem atenção apenas no que Deus está fazendo agora e não se preocupem quanto ao que pode ou não acontecer amanhã. Quando depararem com uma situação difícil, Deus estará lá para ajudá-los”. (Mateus 6.34 – versão A mensagem)
Que andemos na urgência desapressada do agora, vivendo e nos movendo nEle.
Em amor e contrição.
Texto de: Rodrigo Baia